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CURSO DE MESTRADO EM SUPERVISÃO PEDAGÓGICA (2011/2012)

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS EDUCATIVOS

A avaliação enquanto possibilidade de corrigir, aperfeiçoar, descortinar falhas é aplicada como um instrumento ao serviço do progresso e assume, por isso, um grande protagonismo em todos os campos, principalmente no da educação. Para além da eterna questão da avaliação das aprendizagens dos alunos e dos diferentes paradigmas em que assenta, o debate alarga-se cada vez mais. Fala-se, hoje, da avaliação dos sistemas educativos, dos programas e projectos, dos estabelecimentos de ensino, dos professores e das tensões que esta novidade desperta em qualquer comunidade educativa.
Avaliar a escola pressupõe avaliar os alunos, os profissionais, a administração educacional e as próprias medidas de política educativa. Embora Portugal ocupe uma posição menos avançada em relação aos restantes países da Europa, no que diz respeito a esta novidade, também acolhe a avaliação como um recurso ao serviço da educação e do desenvolvimento económico do país.
A avaliação das escolas é uma consequência da descentralização das políticas educativas e da responsabilização doada à escola e sobretudo à figura do professor. Os professores são, pois, factores decisivos no processo ensino-aprendizagem, são eles que motivam, ajudam a contornar dificuldades e conduzem os alunos ao caminho do sucesso das suas aprendizagens, não devem, portanto, passar despercebidos num palco onde a busca se concentra num modelo capaz de aceitar a eterna ideia de aperfeiçoamento.
A avaliação é um caminho de melhoria que cada actor envolvido percorre. O objectivo da avaliação na educação é melhorar um serviço direccionado para o futuro, é garantir às escolas a oportunidade de entrar numa espécie de competição que permite um selo de qualidade e a sua consequente diferenciação.
O processo de avaliação dos sistemas educativos propaga-se nos diferentes países da União Europeia, pressupõe uma análise das formas institucionais e dos procedimentos utilizados e as representações que fundamentam essas políticas ou modelos de avaliação e, neste contexto, torna-se possível definir três grandes modelos de avaliação: o inglês, o francês e o finlandês. Porém, estes modelos de avaliação não podem ser considerados os únicos ao serviço da avaliação, são apenas referências, os sistemas educacionais pressupõem, acima de tudo, uma deliberação colectiva e democrática em conformidade com a missão de cada escola, segundo um esforço de adaptação a cada caso concreto.
O Pisa (Programme for International Student Assessment) é um programa internacional que avalia sistemas educacionais de 65 países, incluindo o Brasil. Examina o desempenho de estudantes na faixa etária dos 15 anos, idade média do término da escolaridade básica obrigatória na maioria das nações. O indicador é desenvolvido e coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCEDE).
Este programa procura saber se os estudantes estão preparados para os desafios do futuro a nível profissional e até mesmo social. Este programa realiza-se a cada três anos, as provas adoptam sempre um eixo temático entre as três áreas distintas que as compõem: Leitura , Matemática  e Ciências. Além do conhecimento escolar, o Pisa procura testar a capacidade dos alunos de analisar, raciocinar e reflectir activamente sobre seus conhecimentos e experiências pessoais. Só com base em programas desta natureza, que apresentam dados estatísticos concretos, podem, os diferentes sistemas educativos justificar mudanças com vista a melhorar as políticas e resultados educacionais, com vista a preparar os jovens de hoje para a vida adulta do amanhã.
Testar alunos não é algo de novo. Sendo assim, o que tem de especial o recurso Pisa?




O recurso Pisa é um meio de ajudar os estudantes a aplicar na prática os conhecimentos adquiridos na escola, resolvendo situações e problemas do dia-a-dia. Com o programa mencionado podemos avaliar a situação de qualquer país em comparação consigo mesmo e com os restantes países, no fundo, conseguimos aferir qual a qualidade e que importância está a ser dada à Educação nos diferentes países da Europa.
A comparação de resultados, os exemplos partilhados pelos diferentes sistemas educativos proporciona-nos a oportunidade de mudar ou caminhar na direcção do aperfeiçoamento. A  evolução de qualquer estado ou país depende desta atitude.

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Recursos Bibliográficos

CLÍMACO, M. (2005). Avaliação de Sistemas em Educação (Temas Universitários). Lisboa: Universidade Aberta.
RAMOS, C. (2008). "Novos caminhos de avaliação de professores: tendências e estratégias", in Revista ELO nº 15. Guimarães: Centro de Formação Francisco de Holanda.
ROGGERO, P. (2002). "Avaliação dos sistemas educativos nos países da União Europeia: de uma necessidade problemática a uma prática complexa desejável", in EccoS Rev. Cient.


domingo, 10 de junho de 2012

A regulação dos Sistemas Educativos




O Conceito de Regulação


O estado de cada país e da europa é o resultado da influência da educação que se revela como um espelho das consequências não planeadas da globalização enquanto imperativo de mudança e evolução que reflecte um novo conceito de escola e do próprio ensino.
A maior mudança da forma como se encara a escola na época contemporânea ocorre nas décadas de 60 e 70 e consiste em pensar a escola na lógica económica e social do desenvolvimento. Antes da Segunda Guerra Mundial, o Estado, na sua relação com a educação, permanece um Estado que pensa a educação em termos de construção da nação, paz social, inculcação de valores. A partir dos anos 50 e, sobretudo, 60, ele coloca a educação ao serviço do desenvolvimento. Essa política encontra um amplo consenso social, por gerar novos empregos qualificados, que uma escolaridade mais longa permite ocupar e, portanto, por satisfazer as classes médias e despertar esperanças nas classes mais baixas. A globalização é a porta aberta para o crescimento das diferentes pátrias e para o desenvolvimento de uma cultura europeia real. A partilha de conhecimentos justifica, por si só, a necessidade de regulação, enquanto processo constitutivo de qualquer sistema que tem como principal função assegurar o equilíbrio, a coerência e a transformação do sistema.
Em Portugal, o termo regulação em contexto educativo, está associado à intervenção do Estado na condução das políticas públicas.
O conceito de regulação abrange diferentes formas, quer-se se trate dos processos de coordenação das políticas educativas, destacando-se a regulação: Transnacional; nacional; micro-regulação local, ou ainda a regulação burocrática, pelo mercado, comunitária (Barroso, 2003, citado em Barroso, 2005).
Caracterizando estes tipos de regulação, segundo Barroso (2005), a Regulação Transnacional é o conjunto de normas, discursos, instrumentos que sustentam os fóruns de decisão e consultas internacionais, adotado pelos políticos aquando da tomada de decisões para o funcionamento do sistema educativo. A regulação nacional é o modo como o Estado coordena e controla o sistema educativo, orientando-o sob normas. A micro-regulação local obedece a ordens emanadas da tutela aplicando-as localmente, resultando no processo de coordenação da ação dos seus intervenientes: pais, alunos, professores, funcionários, gestores escolares. A regulação burocrático-profissional exerce-se como uma política de compromisso entre o Estado e os professores, minimizando a influência das famílias e dos alunos. A regulação pelo mercado, através da influência das famílias no controlo da oferta educativa, através dos processos de escolha da escola e da sua participação na gestão e a regulação comunitária que efetiva-se através da parceria entre professores e pais dos alunos, nomeadamente na criação de territórios educativos de intervenção prioritária, condições de segurança da escola, abertura ou encerramento de escolas.
A finalidade da regulação no processo educativo reside, portanto, no controlo do trabalho que se desenvolve nas escolas, da sua qualidade enquanto ensino prestado às comunidades. A importância reconhecida ao papel da educação torna necessária a sua avaliação, o controlo dos resultados e o alcance das metas educativas a priori definidas a nível nacional e internacional, responsabilizando todos os intervenientes neste processo.
Falar em sistemas de ensino e no próprio processo de regulação implica apontar diferentes formas de organização: Centralização, Descentralização e Regionalização.
A Centralização, no caso português, está associada à criação do quadro político que assume toda a liderança do processo educativo sem permitir a participação dos cidadãos nas políticas e na administração pública. A Descentralização em oposição a um sistema fundamentado no regime central representa a alternativa regeneradora dos aspectos mais críticos que sobressaem num regime que converge num único núcleo de poder e passa a ser um dos pilares, ou fundamentos da democracia, definindo, desta forma, um novo paradigma socio-político que promove a distribuição de responsabilidades em toda a sociedade e a inércia do Estado, aproxima os serviços das populações, evita a burocracia e assegura a participação dos cidadãos na gestão da Administração Pública.
A regionalização, por sua vez, é a consequência das leis que vieram permitir a descentralização política para as Regiões Autónomas e para as Autarquias, ou seja, para as direcções regionais de educação e para a escola. O sistema de ensino português cumpre este processo evolutivo da regulação que parte pela centralização, depois pela descentralização e termina na regionalização.
A educação que antes estava ao acesso de alguns, hoje está, assim, ao acesso de todos. Os sistemas educativos procuram, acima de tudo, assegurar a defesa dos interesses nacionais e regionais e oferecer  respostas aos problemas sociais que estes levantam. Os sistemas de ensino ganham um sentido operativo funcional e contextualizado.





Referências Bibliográficas
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Barroso, J.(2005). Políticas Educativas e Organização Escolar. Lisboa. Universidade Aberta. Barroso, J.(2005).O Estado e a regulação das políticas públicas. Educ. Soc., Campinas, vol. 26, n. 92, p. 725-751, Especial –Out.2005. Disponível em <http:www.cedes.unicamp.br (disponível nos recursos da u.c.)
Almeida, A. (2005). Os fluxos escolares dos alunos como analisador dos modos de regulação local do Sistema Educativo. Lisboa: FPCE (dissertação de Mestrado) (Dale, R. (2008). Construir a Europa através de um Espaço Europeu de Educação. Revista Lusófona de Educação, 13-30 (recuperado em 28/05/12) de:. http://www.redalyc.org/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=34911875002
Ramos, Conceição (s/data). Regulação dos Sistemas EducativosO caso Português. (disponível nos recursos da u.c.)






domingo, 20 de maio de 2012

Os Sistemas de Educação e Formação para a Europa do conhecimento


Uma economia baseada no conhecimento não funciona no poder das máquinas, mas sim no dos cérebros - o poder de pensar, de aprender, de inovar.
Hargreaves, (2003:37)





A formação de qualquer individuo, para viver e ser capaz de actuar na sociedade de conhecimento, não pode mais ser pensada como algo que acontece somente em contexto escolar, ou seja, condicionado por um espaço físico e limitado pelo tempo. A aprendizagem deve ser entendida como uma actividade contÍnua que se estende ao longo da vida, valorizando todas as competências adquiridas e tornando úteis todas as experiências vividas e aprofundadas. O homem é um ser que evolui, evolui porque o contexto politico e social o permitiu e, acima de tudo, porque o homem, por si só, compreendeu a necessidade de actualização constante dos seus conhecimentos, bem como as consequências da competitividade acelerada a que assistimos no actual mundo do trabalho.

A aprendizagem ao longo da vida torna-se uma prioridade assumida por cada um de nós, quase que poderá ser entendida como um investimento pessoal que, ora denota o medo de ficarmos para trás, ora denota a curiosidade de usufruirmos as facilidades deixadas, por exemplo, pelos avanços tecnológicos.
"A aprendizagem ao longo da vida tornou-se uma necessidade de todos os cidadãos. Precisamos de desenvolver as nossas aptidões e competências ao longo das nossas vidas, não apenas para a nossa realização pessoal e a nossa capacidade de participar activamente na sociedade em que vivemos, mas também para sermos capazes de ter êxito num mundo laboral em constante mudança." Ján Figel (Quadro de Referência Europeu).

O nosso papel na sociedade estará comprometido se não formos capazes de acompanhar as evoluções operadas no seio da comunidade a que pertencemos. A necessidade de uma aprendizagem contínua é a chave d’Ouro para o sucesso da produtividade de qualquer mercado. Qualquer individuo que está hoje a desempenhar determinado serviço sabe que deve procurar aprimorar-se constantemente e manter-se actualizado para assim vencer novos desafios. A aprendizagem contínua apresenta-se, portanto, como uma condição necessária para que qualquer individuo possa manter a posição de trabalho que ocupa. Por este motivo, no final de 2006, o Conselho e o Parlamento Europeu adoptaram um quadro europeu de competências essenciais para a aprendizagem ao longo da vida. Este quadro identifica e define as seguintes competências essenciais que os cidadãos necessitam para sua realização pessoal, a inclusão social, a cidadania activa e a empregabilidade na nossa sociedade baseada no conhecimento:

1) Comunicação na língua materna;
2) Comunicação em línguas estrangeiras;
3) Competência matemática e competências básicas em
ciências e tecnologia;
4) Competência digital;
5) Aprender a aprender;
6) Competências sociais e cívicas;
7) Espírito de iniciativa e espírito empresarial;
8) Sensibilidade e expressão culturais.

A conjugação das competências apontadas contribui para uma vida em sociedade bem sucedida e capaz de tirar proveito de potencialidades individuais muitas vezes esquecidas. O homem evoluirá sempre que for capaz de enriquecer os seus conhecimentos e actualizar as diferentes competências supra mencionadas, para o efeito, o programa de acção no domínio da aprendizagem ao longo da vida contribui para o desenvolvimento da Comunidade enquanto sociedade do conhecimento avançada, caracterizada por um crescimento económico sustentável, com mais e melhores empregos e uma maior coesão social.




Bibliografia:
Hargreaves, A. (2003). O Ensino na sociedade do conhecimento. Porto. Porto editora.

Webgrafia:
A urgência das reformas para fazer triunfar a estratégia de Lisboa in: http://europa.eu/legislation_summaries/education_training_youth/general_framework/c11049_pt.htm (recuperado em 9/5/2012)
Competências Essenciais para a Aprendizagem ao Longo da Vida- Quadro de ReferênciaEuropeu, in: http://ec.europa.eu/dgs /education_cultur/publ/pdf/ll-learning/keycomp_pt.pdf (recuperado em 9/5/2012

domingo, 29 de abril de 2012

Modelos e tendências evolutivas nos Sistemas Educativos Europeus


Não é possível estudar a educação desligada das evoluções sociais. A educação é produto de uma história de sociedade e ao mesmo tempo um determinante essencial para o futuro (Ramos, n. d:3).

 Reflectir sobre a situação actual de um país, avaliar a sua situação política, económica e social envolve a consideração do seu sistema educativo, é ele que dita o futuro organizacional do país e permite prever o rumo do seu progresso.

 Genericamente podemos definir os sistemas educativos como o conjunto de meios intencionalmente organizados com o objectivo de servir o desenvolvimento global da sociedade. A sua missão é criar as condições morais, técnicas, materiais e infraestruturais que permitem a realização permanente da educação, com a qualidade requerida e para todos os membros da sociedade (Benedito, 2007: 20).
 Ao sistema educativo corresponde a reprodução de uma cultura e de uma força de trabalho nacional com a finalidade de construir aquilo que podemos chamar de coesão nacional. Os paradigmas em que assentou a sociedade até finais do século XX estão decadentes, e conduziram a problemas económicos, sociais e culturais. A educação ganha novos desafios numa sociedade que proclama pela educabilidade, criatividade e eticidade (Carneiro, R. 1994), promovendo a mudança e assumindo-se como adaptável aos contextos reais da actualidade. Perante um cenário de marginalização da redefinição dos sistemas educativos, Bill Gates afirma que não podemos reformar o ensino público. Nós precisamos de substituí-lo completamente, porque o sistema foi escolhido para preparar as pessoas para ontem e não para o amanhã. Na verdade, os sistemas de ensino apresentam-se como o circuito fechado metaforicamente comparado ao modelo de fábrica que apresenta como produto final algo que em nada corresponde aos anseios do aluno, futuro profissional e cidadão. Com os actuais sistemas educativos assistimos ao genocídio do talento dos nossos jovens, à sentença da desmotivação escolar dos alunos e futuros profissionais desvocacionados, tudo porque os interesses económicos e políticos foram a prioridade dos sistemas educativos, tudo porque a criatividade e o potencial dos alunos foi colocada em segundo plano em prol de um único objectivo: a formação de um cidadão capaz de contribuir para um crescimento económico sustentável.

 O século XX testemunhou uma conjectura de economicismo e industrialização e orientou o seu sistema educativo para o mesmo fim com o objectivo de dar respostas às necessidades apresentadas por essa conjectura.


Será que o caminho é a continuação da colagem ao modelo fábrica, onde o professor se assume como patrão, como referem Alvim e Toffler, ou podemos acreditar que o verdadeiro tesouro ainta está por descobrir (Jacques Delors)?


 A necessidade de rejeição deste modelo de fábrica parece-me evidente, assim como é a necessidade do acreditar que o verdadeiro tesouro ainda está por descobrir mas que, ainda assim, está ao nosso alcance a descoberta.
 Segundo Ken Robinson não devemos anestesiar com “Ritalina” os alunos mas fazê-los dizer o que os motiva na escola e na vida, ancorando as suas aprendizagens e desenvolvendo as suas competências numa prática reflexiva e dialéctica. Ken Robinson salienta ainda que a educação não deveria ser instrumentalizada a favor da industrialização mas ser factor de desenvolvimento pessoal e social. A este respeito Delors et. al (1996) referem que uma nova concepção ampliada de educação deveria fazer com que todos pudessem descobrir, reanimar e fortalecer o seu potencial criativo.

 Não importam os certificados, os diplomas sem um emprego, ou um emprego de topo sem a motivação para o desempenhar.

 O verdadeiro tesouro, a verdadeira esperança para o futuro, como diz Ken Robinson é adaptar uma nova concepção de ecologia humana, na qual comecemos a reconstituir a nossa concepção das riquezas da capacidade humana.




 O nosso sistema educacional tem pilhado as nossas mentes da mesma forma que pilhamos a terra, em busca de matérias-primas, e no futuro isso de nada nos servirá. Temos de repensar os princípios fundamentais nos quais baseamos a educação das nossas crianças.

Afinal, a educação é uma responsabilidade de todos nós.

Bibliografia
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Benedito, N. (2007) Centralização de Sistemas Educativos e Autonomia dos Actores Organizacionais – Tese de doutoramento, Universidade do Minho
Carneiro, Roberto (1994). A evolução da economia e do emprego. Novos desafios para os sistemas educativos no dealbar do séc. XXI
Canário, Rui (2006) - A Escola e a Abordagem Comparada. Novas realidades e novos olhares, in: sisifo.fpce.ul.pt/pdfs/03-RCanario.pdf (consultado em 22/4/2011)Delors, J. et al. (1996). Educação um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. Porto: Edições Asa.

domingo, 1 de abril de 2012

Mutações Sociais e Sistemas Educativos

O tempo passa, para trás fica o rasto de um conjunto de elementos (sociais, económicos, políticos, educativos) que marcam uma época e permitem ao homem a construção gradual da sua história e a fixação de marcos da evolução da natureza humana na sociedade.
Já nos dizia Luís de Camões, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades e, efetivamente, a circunstância do homem na atual sociedade é o reflexo de um espírito insaciável que busca novos conhecimentos e o alcance de novas metas, sobretudo no campo da ciência e das novas tecnologias. Vivemos a era da informação e do conhecimento, portanto, o desenvolvimento das tecnologias é encarado como uma possibilidade que garante um ambiente cultural e educativo susceptível de diversificar as fontes de saber (Delors, 1996:161). Hoje a informação, o conhecimento está à distância de um click, o longe faz-se perto e o homem perde a noção do limite das suas capacidades. A comunicação aliada ao recurso-internet facilita a disseminação de informações e a socialização do conhecimento. No universo empresarial e organizacional assiste-se a um forte investimento em pesquisa e desenvolvimento por parte dos países mais desenvolvidos que consideram o conhecimento o principal fator estratégico de riqueza e poder, tanto para as organizações quanto para os países. Nessa nova sociedade, a inovação tecnológica ou novo conhecimento, passa a ser um fator importante para a produtividade e para o desenvolvimento económico dos países (DRUCKER, 1993; Lemos, 1999; CHAPARRO, 2001; FUKS, 2003; D’AMARAL, 2003).
A pesquisa científica tornou-se fundamental para o desenvolvimento dos países MATTELART, 2005; GONZÁLES DE GÓMEZ, 20M2), é ela que promove a inovação e dá enfase ao elemento CRIATIVIDADE. Segundo CALLON (2004) a qualidade de uma inovação depende da qualidade das ideias que estão na origem da inovação. O homem e os conhecimentos e competências que adquire é a força motora para mudança e para a evolução da nossa sociedade, portanto, há que investir na constante aquisição de novos conhecimentos, e quem não acompanha este ritmo alucinante da aquisição dos novos conhecimentos acaba por sofrer o flagelo do desemprego e as consequências quase imediatas da exclusão social.

Considerando a sociedade contemporânea palco de profundas mutações, estas, para que sejam vantajosas, obrigam-nos a considerar prioritárias as mutações sentidas no campo da Educação, é este, pois, o principal campo de reflexão e promoção das restantes evoluções sociais. A Educação é produto de uma sociedade e ao mesmo tempo um determinante essencial para o futuro RAMOS. C (2007). A Educação deverá ser, neste cenário de constantes transformações, o ponto de equilíbrio entre o essencial e o desnecessário à existência humana. A Educação é o momento de triagem que garante a intemporalidade de valores ético-morais que tornam a coexistência social e a valorização do capital humano, uma possibilidade e não uma corrida que promove o atropelo dos diferentes interesses individuais.
Os sistemas educativos existem para garantir o direito à Educação. O sistema educativo português, em concreto, com base na lei n.º 46/86, de 10 de outubro, (LBSE) procura assegurar o direito à educação e à cultura para todas as crianças; a escolaridade obrigatória alargada para nove anos; a formação de todos os jovens para a vida ativa; o direito a uma justa e efetiva igualdade de oportunidades; a formação de jovens e adultos que abandonaram o sistema (ensino recorrente); a liberdade de aprender e ensinar e a melhoria educativa de toda a população. Com base nesta Lei, assistimos, assim, à instituição de uma nova organização do sistema educativo português que assenta numa educação pré-escolar; numa educação escolar e extra-escolar que engloba atividades de alfabetização, de educação de base e de iniciação ao aperfeiçoamento profissional. Mas, porque os sistemas educativos devem ser o reflexo das necessidades sociais de uma época, devem sofrer atualizações sempre que seja necessário. Um bom exemplo deste esforço de adaptação do sistema educativo à realidade económica, social e política da atualidade é a Lei n.º 49/2005, de 30 de agosto, que gira em torno da questão do sistema de créditos europeu e do chamado Processo de Bolonha que demonstra, por sua vez, as consequências da globalização e a preocupação do acompanhamento do nível de ensino dos restantes países da Europa e do acesso às mesmas oportunidades de emprego. Numa perspectiva política educativa, este processo pressupõe um conjunto de etapas e de passos a dar pelos sistemas de ensino superior europeus no sentido de construir um espaço europeu de ensino superior globalmente harmonizado, com o objetivo de garantir o aumento da competitividade do sistema europeu de ensino superior e promover a mobilidade e empregabilidade dos diplomados do ensino superior no espaço europeu.
Os sistemas educativos são, portanto, respostas imediatas às consequências inesperadas das mutações sociais, são a preparação para o acolhimento dos desafios do futuro e o espelho da nossa sociedade.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Delors, J. (1996) Educação Um Tesouro a Descobrir. Relatorio para a UNESCO . Lisboa: Asa
Clímaco, M.C (2005). Avaliação em Sistemas de educação- Lisboa: Universidade Aberta´
Gaspar, M.I. (2003) Perspetivas em Educação nº 1. Novos Rumos e Pedagogia em Ensino à distância
Legislação


sexta-feira, 2 de março de 2012

Temáticas

Uma vez iniciado o meu Eportefólio, considero oportuno a apresentação das diferentes  temáticas a abordar ao longo do semestre.

Tema I: Mutações sociais e sistemas educativos


1. Aspectos contextuais dos Sistemas Educativos

2. Noção ou conceito de sistema



Tema II: Modelos e tendências evolutivas nos sistemas educativos europeus
1. Opções educativas versus opções de sociedade

2. Princípios orientadores e modelos organizativos

3. Os Sistemas Educativos na Europa


Tema III: Os sitemas de educação e formação para a europa do conhecimento
1. Traços gerais e estratégias de modernização dos Sistemas Educativos

2. O quadro estratégico europeu de referência para as competências básicas e as dinâmicas de inovação e mudança na Educação


Tema IV: A regulação dos sistemas educativos
1. O conceito de regulação

2. Quadros teóricos interpretativos da governação dos Sistemas Educativos



Tema V: As linhas mestras da avaliação dos sistemas educativos
1. Conceitos e modalidades de avaliação

2. Políticas e quadros de referência para a avaliação dos Sistemas Educativos