O tempo passa, para trás fica o rasto de um conjunto de elementos (sociais, económicos, políticos, educativos) que marcam uma época e permitem ao homem a construção gradual da sua história e a fixação de marcos da evolução da natureza humana na sociedade.
Já nos dizia Luís de Camões, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades e, efetivamente, a circunstância do homem na atual sociedade é o reflexo de um espírito insaciável que busca novos conhecimentos e o alcance de novas metas, sobretudo no campo da ciência e das novas tecnologias. Vivemos a era da informação e do conhecimento, portanto, o desenvolvimento das tecnologias é encarado como uma possibilidade que garante um ambiente cultural e educativo susceptível de diversificar as fontes de saber (Delors, 1996:161). Hoje a informação, o conhecimento está à distância de um click, o longe faz-se perto e o homem perde a noção do limite das suas capacidades. A comunicação aliada ao recurso-internet facilita a disseminação de informações e a socialização do conhecimento. No universo empresarial e organizacional assiste-se a um forte investimento em pesquisa e desenvolvimento por parte dos países mais desenvolvidos que consideram o conhecimento o principal fator estratégico de riqueza e poder, tanto para as organizações quanto para os países. Nessa nova sociedade, a inovação tecnológica ou novo conhecimento, passa a ser um fator importante para a produtividade e para o desenvolvimento económico dos países (DRUCKER, 1993; Lemos, 1999; CHAPARRO, 2001; FUKS, 2003; D’AMARAL, 2003).
A pesquisa científica tornou-se fundamental para o desenvolvimento dos países MATTELART, 2005; GONZÁLES DE GÓMEZ, 20M2), é ela que promove a inovação e dá enfase ao elemento CRIATIVIDADE. Segundo CALLON (2004) a qualidade de uma inovação depende da qualidade das ideias que estão na origem da inovação. O homem e os conhecimentos e competências que adquire é a força motora para mudança e para a evolução da nossa sociedade, portanto, há que investir na constante aquisição de novos conhecimentos, e quem não acompanha este ritmo alucinante da aquisição dos novos conhecimentos acaba por sofrer o flagelo do desemprego e as consequências quase imediatas da exclusão social.
Considerando a sociedade contemporânea palco de profundas mutações, estas, para que sejam vantajosas, obrigam-nos a considerar prioritárias as mutações sentidas no campo da Educação, é este, pois, o principal campo de reflexão e promoção das restantes evoluções sociais. A Educação é produto de uma sociedade e ao mesmo tempo um determinante essencial para o futuro RAMOS. C (2007). A Educação deverá ser, neste cenário de constantes transformações, o ponto de equilíbrio entre o essencial e o desnecessário à existência humana. A Educação é o momento de triagem que garante a intemporalidade de valores ético-morais que tornam a coexistência social e a valorização do capital humano, uma possibilidade e não uma corrida que promove o atropelo dos diferentes interesses individuais.
Os sistemas educativos existem para garantir o direito à Educação. O sistema educativo português, em concreto, com base na lei n.º 46/86, de 10 de outubro, (LBSE) procura assegurar o direito à educação e à cultura para todas as crianças; a escolaridade obrigatória alargada para nove anos; a formação de todos os jovens para a vida ativa; o direito a uma justa e efetiva igualdade de oportunidades; a formação de jovens e adultos que abandonaram o sistema (ensino recorrente); a liberdade de aprender e ensinar e a melhoria educativa de toda a população. Com base nesta Lei, assistimos, assim, à instituição de uma nova organização do sistema educativo português que assenta numa educação pré-escolar; numa educação escolar e extra-escolar que engloba atividades de alfabetização, de educação de base e de iniciação ao aperfeiçoamento profissional. Mas, porque os sistemas educativos devem ser o reflexo das necessidades sociais de uma época, devem sofrer atualizações sempre que seja necessário. Um bom exemplo deste esforço de adaptação do sistema educativo à realidade económica, social e política da atualidade é a Lei n.º 49/2005, de 30 de agosto, que gira em torno da questão do sistema de créditos europeu e do chamado Processo de Bolonha que demonstra, por sua vez, as consequências da globalização e a preocupação do acompanhamento do nível de ensino dos restantes países da Europa e do acesso às mesmas oportunidades de emprego. Numa perspectiva política educativa, este processo pressupõe um conjunto de etapas e de passos a dar pelos sistemas de ensino superior europeus no sentido de construir um espaço europeu de ensino superior globalmente harmonizado, com o objetivo de garantir o aumento da competitividade do sistema europeu de ensino superior e promover a mobilidade e empregabilidade dos diplomados do ensino superior no espaço europeu.
Os sistemas educativos são, portanto, respostas imediatas às consequências inesperadas das mutações sociais, são a preparação para o acolhimento dos desafios do futuro e o espelho da nossa sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Delors, J. (1996) Educação Um Tesouro a Descobrir. Relatorio para a UNESCO . Lisboa: Asa
Clímaco, M.C (2005). Avaliação em Sistemas de educação- Lisboa: Universidade Aberta´Gaspar, M.I. (2003) Perspetivas em Educação nº 1. Novos Rumos e Pedagogia em Ensino à distância
Legislação
Lei n.º 46/86, de 14 de Outubro" (Lei de Bases do Sistema Educativo) http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1166241 ( consultado em 20/03/2012)
Olá Sónia;
ResponderEliminarAo ler o teu post, deparei-me com uma frase/pensamento/opinião interessante que me fez pensar.
"A Educação é produto de uma sociedade e ao mesmo tempo um determinante essencial para o futuro RAMOS. C (2007). A Educação deverá ser, neste cenário de constantes transformações, o ponto de equilíbrio entre o essencial e o desnecessário à existência humana."
Ainda que concordando teoricamente com a afirmação, a questão é: e quando (na prática) a Educação não é ponto de equilíbrio, e inclusivamente acaba por funcionar como ponto de desequilíbrio na medida em que não está a trabalhar para formação de alunos e professores do ponto de vista da equidade... e está sim a contribuir para um fosso ainda maior escondido nos números das estatísticas????
Uma Boa Páscoa, cheia de amêndoas :)